talvez um dia a pureza incontida
hoje, quase sem voz, esteja à esquina.
tão perto de cada um de nós
que um sorriso contente nos trará,
mais uma vez,
os meninos que fomos ontem, quando
um dia era só um dia,
de cada vez.
talvez um dia, quando a noite estiver para nascer,
o frio escuro ganhe calor e claridade
e o estio maduro possa invadir os telhados ,
todas as portas
e janelas da cidade.
talvez um dia - quem sabe? - também Lisboa desça à rua.
à noite,
de madrugada,
de manhãzinha…
e suba à minha beira para comigo,
acima das colinas, bem acima dos beirais,
ver-se cidade inteira.
nada mais.
quis-te perfume e primavera
quis-te canção e quis-te mar
quero o tempo
sempre o futuro sem espera
o antes e o depois de uma vez
sem esperar
mas não parto daqui para o teu corpo
sem que o meu me diga que é o tempo da partida
nem ficarei depois aí em festa
na certa incerteza que da minha passagem
não restará rio
não restará margem
que me deixe daí partir e daí chegar
. Perto
. Frágil