haja ou não a loucura
que Erasmo elogia e outros cantam
seja o engano a luz permanente
que se acende no entendimento dos loucos
que e eu serei hoje e sempre a doçura
que fui
porque sou
porque olho a loucura nos olhos
e leio como poucos as palavras
que se lêm gravadas a fogo
na vida de quem está não estando
nos pensamentos de quem pensa
que há um jogo que se joga
fora do que seja humano
haja ou não haja a loucura
existirão sempre ocos elogios
aos moucos que percebem o mundo
como navios carregados só de lastro
e os outros
aqueles que o peso de tanta pedra
não sobrecarrega a cabeça nem os ombros
farão promessa de tábua rasa
do escuro e dos assombros
das loucuras e dos altos muros
das brazas
das quedas e dos tombos
e depois como no Livro
serás um
serás dois
no princípio e com o que houver
haja ou não a loucura
queiras ou não queiras
virá o dia virá a noite
serás homem
serás mulher
Imagem: Gilson Simabuku
Daqui: Elogio da Loucura
. Perto
. Frágil