e eu faço adeus daqui
do lado de cá
da margem a leste do mar tão largo
e tu perguntas
porque são de pedra os castelos
e frágeis
refulgentes as rosas estampadas nos vitrais
seriam
de areia os castelos
e as rosas sempre mães
se as pátrias fossem praias e a história contos
só de embalar
conheço os que saem de viagem
ao fim da tarde
de visita ao jardim de todos
umas vezes passeiam-se outras a estimação
que têm pelos animais que guardam à trela
em casa
onde dizem que moram
esperam as horas sentados ao redor das fontes
feitas para estarem ali
onde alguém quis
quase sempre conversam uns com os outros
sobre tudo o que é importante para cada um
o tempo que fez naquele dia e que fará no seguinte
as insónias do calor da noite passada
a importância das bagatelas
dois dedos de conversa
e regressam a casa como regressarão ao jardim
no dia seguinte
e conheço os que entram de viagem
que não saem que se veja mas que vão sempre
a fontes onde só eles sabem ir
e a pomares onde nunca chove porque chover é triste
dois dedos de silêncio a eternidade
e regressam do coração
regressam a si donde nunca saíram