Era junto ao limite que estavas.
Encostado ao muro, à incerteza
do ter ou não ter de acordar para fazer
da vida um tempo em que viver fosse mais
do que estar vivo.
Que fosse dignidade.
Dormias nas dunas, nos limites do mar,
na praia.
Ali, sonhavas com as certezas certas
dos paraísos que ainda não tinhas
na terra, com os desertos de areia
floridos de colmeias, férteis em mel,
sem azares e carregados do açúcar
que só os sonhos conseguem dar.
Ou dormias no chão, nos limites do céu,
junto aos torrões que lavravas.
E de manhã era o deserto, incerto
como sempre,
porque a chuva não caia ou caia brava
e a terra não dava frutos nem sementes.
Só cardos, revolta e pó daninho.
Mansos, mansos são os cordeiros.
Bem podes correr a lavrar o mar,
pescar os frutos da terra,
pastar os teus desejos de paz
e de senhor da guerra.
É louco. És louco.
A mesa poderá estar sempre posta,
mas todo o pão será pouco
para quem sonha.
Imagem daqui: https://www.spaltron.net/o-mundo-de-gaya/o-caminho-do-louco-o-processo-de-individuacao-e-os-22-arcanos-maiores-do-tarot/
a memória dos que vivem não pode morrer
assim, como os teus olhos soçobraram
às mãos dos algozes.
a história dos que morreram está viva,
como no percurso que fizeste
a caminho da morte.
não sei se alguém levantou a voz
ou gritou no dia em que caíste.
não sei!
grito eu agora por ti
e levanto a voz por quem resiste.
Foto daqui: https://www.terra.com.br/diversao/a-brasileira-por-tras-da-foto-de-auschwitz-que-viralizou,df5b169b120b1dff49a4c430e458abb6qvmeghu3.html
I
Tristes.
Tristes melodias despontam
das tristezas que tenho,
às vezes sem jeito.
II
Alegres.
Alegres melodias nascem
das breves alegrias que desenho.
Às vezes nos outros
e outras no meu peito.
III
Não!
Não serei indiferente
à cegueira, à surdez,
ao chorar e ao rir,
à lucidez dos sonhos, às utopias.
Não serei indiferente
ao chegar e ao partir,
à escuridão das noites
e à claridade dos dias.
imagem daqui: https://segredosdomundo.r7.com/sonhos-lucidos/
. Os meus links
. ..
. És louco
. Grito eu
. Ausência
. A burra do senhor Pombinh...
. Olisippo
![]() |