Era junto ao limite que estavas.
Encostado ao muro, à incerteza
do ter ou não ter de acordar para fazer
da vida um tempo em que viver fosse mais
do que estar vivo.
Que fosse dignidade.
Dormias nas dunas, nos limites do mar,
na praia.
Ali, sonhavas com as certezas certas
dos paraísos que ainda não tinhas
na terra, com os desertos de areia
floridos de colmeias, férteis em mel,
sem azares e carregados do açúcar
que só os sonhos conseguem dar.
Ou dormias no chão, nos limites do céu,
junto aos torrões que lavravas.
E de manhã era o deserto, incerto
como sempre,
porque a chuva não caia ou caia brava
e a terra não dava frutos nem sementes.
Só cardos, revolta e pó daninho.
Mansos, mansos são os cordeiros.
Bem podes correr a lavrar o mar,
pescar os frutos da terra,
pastar os teus desejos de paz
e de senhor da guerra.
É louco. És louco.
A mesa poderá estar sempre posta,
mas todo o pão será pouco
para quem sonha.
Imagem daqui: https://www.spaltron.net/o-mundo-de-gaya/o-caminho-do-louco-o-processo-de-individuacao-e-os-22-arcanos-maiores-do-tarot/
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