Um café negro acorda-me
e uma água fresca lava-me por dentro.
Para a manhã que já vai alta
no Bairro Alto.
Na rua do Norte o sol anda pelos telhados
e nem os beirais confessam os caminhos para Sul.
Eu passava por aqui há muitos anos,
quando era jovem há menos tempo
e a alegria que tinha nos pés
fazia-me andar com uma pressa
que já não tenho.
Perdido, descia as pedras sujas.
Era tudo tão soturno logo pela manhã!
Vinha da Travessa da Queimada ao Poeta
e as varinas às esquinas vendiam
o peixe que podiam em pregões
que gritavam a sorrir.
Das tainhas aos carapaus de gato,
das fanecas, às douradas e sardinhas.
Santo António mandava, do sermão,
peixe pobre para os gentios.
e gatos de estimação
No Camões o vinte e oito corria à Estrela
e eu corria ao Calhariz, onde embarcava.
Custava menos...
Não havia grafitis, só tipógrafos
que rumavam a casa para regressar
à noite à tipografia, quando não havia fauna.
Só flora muito perfumada,
às vezes sem graça, que emergia do patchouli
e que ao fundo das escadinhas do Duque
já marcava terreno e odores até ao Rossio,
Coliseu e Restauradores.
Foto daqui: https://www.playocean.net/portugal/lisboa/bairros-historicos/bairro-alto
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