Este poema, de interrogações ao espelho, fez-me recordar este:
O louco do espelho
Não conheço aquele homem infeliz, Que me imita em movimentos afinados. Mantém-se calado… Nada me diz, Fita-me de olhos firmes mas cansados.
Encontro-o pela manhã, todos os dias! Entra em minha casa silenciosamente, Pergunto: “Quem és? Por que me copias?” Emudece! Olha-me e ignora-me de frente.
Será que as lágrimas lhe sufocaram a fala? Tem aspecto esgrouviado, olhar vermelho, Que amarguras serão aquelas que cala O homem estranho que aparece no espelho?
Um dia, escorria sangue do meu rosto. Encontrei-o. O sangue escorria-lhe também! Cerrei as mãos, esmurrei-o com gosto, Desfi-lo em cacos… tornou-se ninguém!