Eu sei que falarás por ti
porque ninguém pode falar por ninguém.
Por mim, e só por mim,
falo no cheiro da terra molhada,
do pão quente quebradiço na boca
e da farinha tisnada na ponta do nariz.
São horas Luís! Vem, que se faz tarde.
Eu sei que falo por mim. Só por mim.
Mas a manteiga a escorrer,
liquefeita pelas torradas,
traz-me de regresso os calções
e as nódoas das amoras
às pernas imberbes.
São horas Luís...vem, que já é noite.
E quando chegava,
ainda me lembro dos banhos
quentes e de esponja macia,
que nunca conseguiam lavar
a memória dos dias.
Por mim, e só por mim, falo.
São horas Luís... dorme, que já é tarde.
. Perto
. Frágil