Com toda a paciência cristã
perguntava Ele à companheira do lado:
- Ó Madalena, minha querida, a ceia está validada?
E ela com algum enfado respondia,
com os olhos no teto e aparente afã:
- Maldita pandemia, olhos dos meus olhos!
Maldito bicho, meu querido Jesus,
que nesta última ceia por capricho nos permeia
e teima ficar entre nós.
E ele de olhos ao alto, como ela,
levantou os braços e deixou-os cair.
E assim ficou, pensativo e alheio.
Não partiu o pão,
não distribuiu o vinho.
Olhou de Judas a Tiago, seu irmão,
e de Simão a Pedro que seria o primeiro.
E a todos disse baixinho:
- Somos treze à mesa, a contar comigo!
Ou o décimo terceiro será qualquer um de vós.
Aqui, nós partilhamos o amor, sem sobressaltos.
O pão que a terra nos dá
O vinho e as uvas dos planaltos de Judá.
Madalena falou ao ouvido de Pedro
que sorriu com ela, divertido.
- Que dizes Madalena? – interpelou o Mestre.
- Olhos dos meus olhos, meu querido Jesus,
mais de seis à mesa não se usa agora,
em tempos de pandemia.
- Mas não sou Eu a Segunda Pessoa?
- És! Mas que Judas não se apague,
ou ficará por cumprir a profecia.
. Os meus links
. ..
. És louco
. Grito eu
. Ausência
. A burra do senhor Pombinh...
. Olisippo
![]() |