O meu rafeiro nunca conheceu cadela.
Depois de adoptado ficou citadino,
matreiro urbano, capado.
- Anda Ludovico, deixa-te disso!
Marcar terreno é coisa de cão, é vício.
O meu cachorro é mijão.
Sai de casa pela trela e de mijadela em mijadela
faz questão de me dizer que afinal
e até ver, ainda é cão.
- Anda lá, deixa-te disso,
que marcar terreno não é preciso.
É que nem capado deixa de querer
o prazer das mijinhas que podia fazer,
sem demoras, em qualquer lado.
- Anda Bobi! Esquece!
Deixa, que deixar sinal para outros, não é para ti.
Afinal não tens caprichos, nem me parece
que os vinténs que ainda tens
alguma cadela os mereça.
Nos passeios, ruas, jardins e prados,
ele cheira tudo muito bem cheirado.
Levanta a perna, segura o muro
e deixa tudo muito bem mijado.
- Anda cachorro. Vem dai!
Que Ludovico dizem que era
um príncipe louco da Baviera.
Louco varrido e assim lembrado.
Anda rafeirinho que aqui é Lisboa.
Cidade das canoas, do Tejo.
Terra do fado.
Na foto o meu Ludovico
. Frágil
. És louco
. Grito eu
![]() |