Releio o Alberto Canela (ou será Pimenta?)
e desde logo me surpreendo!
Então o homem não fala dos pequenos e dos grandes
e deixa no esquecimento os refinados e os refinadíssimos?
Que os pequenos aspirem a ser grandes, é vulgar.
Que os filhos da puta, ou de puta (sei lá eu,
porque o da e o de parece definir o estatuto
da patuleia e dos bem-aventurados),
aspirem o pó fino da filha da putisse
com a mesma naturalidade com que respiram
o ar que todos respiramos, é vulgaríssimo!
O que já não é vulgar é que nos digam
com aquele ar cândido de anjinhos que sabem pôr,
que se nos metem o dedo no cú é para nosso bem,
que sem eles, o que seria de nós
e que tudo conduzem em nome do bem comum.
Tanto o refinado como o refinadíssimo filho da puta
serão sempre bem-aventuranças em pessoa.
Sempre!
Não é que tenham recebido essa graça nas margens do Tiberíades.
Não. Não é disso que se trata.
Eles são bem-aventuranças
porque todos os filhos da puta são filhos de Deus.
Mas não sabem.
O pequeno difere do grande pelo tamanho.
Mas o refinado filho da puta difere do refinadíssimo
pela qualidade das filhas da putisse
que distribui Urbi et Orbi.
Dizia o filósofo antigo que os justos são serenos
e solícitos os injustos. Nada mais verdadeiro!
Não conheço refinado nem refinadíssimo filho da puta
que de dia não seja solícito e prestável,
que não fale espargindo simpatia.
E à noite?
À noite descansam os filhos da puta que são!
E valha-nos, ao menos, o sono que têm: porque também dormem.
É da sua condição!
Mas quando acordam, logo
ladram às caravanas dos outros
e uivam de raiva, de inveja e de ciúme.
É da sua qualidade!
O seu costume.
. FdP